13 de mar. de 2014

«Sentença»: gramática e desamor



«Vírgulas», «ponto final», «hiatos», «oração», «plural», «pronomes», «complemento nominal», «sujeitos», «predicado», «objeto indireto», «concordância»... Terminoloxía dun tratado de lingua portuguesa? Non, a base mesma da canción «Sentença», de Vinícius Castro, novo e talentoso músico brasileiro.

Unha peza brillante e enxeñosa, a ritmo de tango, incluída no seu traballo «Jogo de palavras». Nela, ao tempo que relata a fin dunha historia de amor, ofrece unha clase maxistral de gramática. Escóitadea de novo e, para non perderdes detalle, aquí vai o texto completo. Antentos!
O nosso verbo sempre teve ligação
E eu pedi a Deus pra não quebrar nossa oração
Tudo nosso sempre teve alguma explicação
Aposto que o aposto agora é só contradição
Parecia até um mandamento tão normal
Você sempre ser meu complemento nominal
Parecia até o meu pilar fundamental
Eu era sempre no plural
Quem escreveu nossa sentença assim
Com dois sujeitos, predicado, enfim
Nosso passado tão perfeito, ai de mim
Hoje chegou ao fim (BIS)
Foram tantas regras e eu buscando a exceção
Feito um objeto indireto em tuas mãos
Falta concordância, falta comunicação
Aposto que o aposto agora é mera distração
Pelas entrelinhas meus pronomes são iguais
Sempre possessivos, relativos e banais
Foram tantas vírgulas, hiatos, menos mal
Agora é só ponto final
Quem escreveu nossa sentença assim
Com dois sujeitos, predicado, enfim
Nosso passado tão perfeito, ai de mim
Hoje chegou ao fim (BIS)
Amor reflexivo sempre vai além
Indicativo de que sigo bem
Desconstruindo o que a paixão ergueu
Amor, o vocativo hoje é ninguém
Não tão altivo, mas eu sigo bem
Desconstruindo o que a paixão ergueu
Ontem só nós
Hoje, só eu.

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